O distanciamento social, apenas serviços essenciais em funcionamento e a ascensão do mercado digital marcam o momento de crise pelo qual passamos.
Muitos são os países que sofrem com a Covid-19, não apenas com um colapso próximo dos sistemas de saúde, mas com um cenário econômico preocupante, principalmente no setor varejista.
Este conteúdo que toma como base um estudo publicado pelo Google Retail AIT, visa mostrar um panorama geral dos impactos no varejo ao redor do mundo.
É importante entender que esse estudo pode ser considerado como fonte de consulta e, posteriormente, como material de comparação entre os países. Mas que não se trata, necessariamente, de previsões ou projeções sobre os impactos no varejo que podem acontecer no Brasil.
Confira os impactos no varejo provocados pela Covid-19!
O comportamento de mercado em países com curva anterior ao Brasil
Fonte: Kantar WeChat Survey
Na China, país onde se iniciou o surto do vírus, pudemos perceber que, a curto prazo, as indústrias mais afetadas foram as que promoviam o contato humano de alguma forma, como:
- Alimentação;
- Entretenimento fora de casa;
- Viagens;
- Estética;
- Ginástica.
Entretanto, a previsão é que, com o fim da epidemia, esses setores sejam os que se recuperem mais rapidamente.
Fonte: Kantar WeChat Survey
As indústrias consideradas menos essenciais também sofreram as consequências. São elas:
- Moda;
- Cosméticos;
- Luxo;
- Bebidas.
Enquanto isso, os grupos de bens duráveis foram completamente despriorizados. Consequentemente, esses setores terão mais dificuldade para se recuperar, mesmo com o fim da crise.
Nos demais países, também percebemos diminuição da busca por serviços não essenciais, na variação das semanas de janeiro à março, como você verá a seguir.
Na Itália, Estados Unidos, Espanha, Reino Unido e Alemanha, por exemplo, as buscas por “perfumaria e limpeza” tiveram um crescimento considerável, já que estão diretamente ligadas às recomendações de higienização. Ou seja, o aumento tem relação com a busca por álcool em gel e produtos de limpeza, em geral.
Na Itália, também houve um crescimento pelo termo “entretenimento”, o que denota que as pessoas estão buscando opções de lazer para enfrentar esse período.
Em todos os países analisados: Estados Unidos, Itália, Espanha e Reino Unido, os setores de moda, móveis e artigos de viagem estiveram em queda no período.
Variação das buscas no digital
Para entendermos melhor os impactos no varejo, um bom indício para começar a tirar insights é o comportamento do consumidor na internet. Como você verá, a variação das buscas pelas categorias seguiu um cenário particular para cada país, de acordo com o nível de infecção da doença.
Observe a variação de interesse de acordo com cada setor:
Alimentação | |
---|---|
Alemanha | +24% |
Japão | +12% |
Itália | +5% |
Brasil | -1% |
Austrália | -3% |
França | -4% |
Estados Unidos | -4% |
Reino Unido | -5% |
Espanha | -12% |
Serviço considerado essencial, a categoria de alimentação registrou aumentos e quedas, de acordo com a situação atual de cada país. Entre os interesses que chamam a atenção em relação ao comportamento do usuário no Google, é que houve um crescimento de buscas por receitas que fossem possíveis fazer em casa.
Na China, percebemos que os consumidores estavam preocupados em adquirir materiais de limpeza, alimentos embalados, congelados e água.
Nos Estados Unidos, a estratégia foi limitar a quantidade de produtos de alta demanda que poderiam ser comprados por consumidor, para haver disponibilidade para mais pessoas.
Smartphones | |
---|---|
Espanha | -28% |
Itália | -23% |
França | -19% |
Alemanha | -12% |
Brasil | -6% |
Austrália | -5% |
Reino Unido | -2% |
Estados Unidos | +2% |
Japão | +9% |
Nos países mais afetados da Europa, o termo sofreu quedas bruscas na procura.
Informática | |
---|---|
Espanha | -15% |
França | -14% |
Alemanha | -11% |
Reino Unido | -8% |
Estados Unidos | -5% |
Austrália | -1% |
Japão | +4% |
Brasil | +7% |
Itália | +44% |
Como a categoria está ligada ao entretenimento, registrou aumento nas buscas em alguns países, mas com queda considerável em outros. O crescimento do interesse na Itália, por exemplo, é reflexo de buscas por produtos como notebooks e câmeras para suprir necessidades de chamadas de vídeo e de entretenimento digital.
Moda | |
---|---|
Itália | -46% |
Espanha | -43% |
França | -30% |
Alemanha | -13% |
Reino Unido | -12% |
Estados Unidos | -10% |
Austrália | -7% |
Brasil | -3% |
Japão | -1% |
Impactos no varejo brasileiro
O impacto no varejo brasileiro é inevitável e, por conta disso, as estratégias digitais parece ser a melhor alternativa para os varejistas.
Durante o estudo, atualizado em 18 de março, o Brasil ainda estava alguns dias atrás na epidemia em relação a outros países. Ainda assim, até o dia 13 de março, já era possível notar um aumento nas buscas por álcool em gel e uma diminuição considerável nas buscas por artigos de viagem.
A busca pela categoria de limpeza registrou um aumento de 30% no período, tendo como destaque os produtos de higiene e para limpeza, como:
- Álcool;
- Máscaras;
- Etanol;
- Sabão;
- Papel toalha;
- Papel higiênico.
Outras categorias também foram diretamente afetadas pela pandemia, como vemos a seguir:
Alimentação | Registrou aumento de +1% nas buscas. |
Videogames | Registraram um aumento de +3,1% nas buscas. |
Notebooks | Aumento de +18%, na linha de entretenimentos. |
Brinquedos | Registrou uma queda de -5%. |
Calçados | Sofreu uma queda considerável, registrando -16% nas buscas. |
Moda | Queda de -11%, seguindo o cenário de outros países. |
Para ajudar a entender o comportamento dos brasileiros diante da crise, a Google elencou os termos mais buscados durante a pandemia através da ferramenta Google Trends. Você pode conferir esse material aqui.
Informações úteis sobre o impacto no varejo físico e digital
Não tem como negar os impactos no varejo durante a pandemia em todo o mundo, por mais que desejássemos uma perspectiva mais amistosa. Ainda assim, ao analisar os dados, conseguimos uma ideia muito mais branda da situação.
De todo modo, os países mais afetados pela COVID-19 enfrentaram quedas e dificuldades em todos os setores. Se fizermos um comparativo entre varejo offline e online, temos o seguinte cenário:
Impactos no varejo físico
Diminuição no fluxo de pessoas nas lojas que ainda estão abertas, nos países e cidades que ainda não decretaram a quarentena obrigatória.
Em muitas regiões, as lojas que não são consideradas de serviços essenciais estão de portas fechadas e outras, consideradas essenciais, atendendo apenas por delivery e serviços de entrega sem contato. O que implica também em mudanças nas operações para reduzir os riscos aos funcionários e clientes, além das que tiveram que reduzir jornadas/salários ou, até mesmo, recorrer a demissões.
Impactos no varejo online
Mesmo com a crise, quem conseguir recorrer ao digital, têm chances de se manter. Com o isolamento social decretado em diversas regiões, as vendas online já registraram crescimento, principalmente nos setores de alimentação, higiene e limpeza.
Um exemplo claro da ascensão do comércio online foi divulgado pela Kantar, durante uma pesquisa onde mostram que, em mil lares chineses, 55% dos consumidores se abasteceram por plataformas de e-commerce. Foi registrado ainda, um aumento de 40% em gastos com alimentos e bebidas.
Já no Brasil, a ASSERJ (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro), veiculou em 15 de março uma notificação informando que houve aumento no número de pessoas no supermercado para compras de produtos considerados essenciais, como papel higiênico e leite.
O impacto no varejo frente à pandemia, no Brasil, foi traduzido em gráficos, pela Cielo e ajuda comerciantes de diversas áreas a entenderem melhor as consequências econômicas do coronavírus no país.
Neste estudo, por exemplo, foi possível perceber que o varejo como um todo já sofreu uma queda de -27,3%. Apesar de contar com setores que mantém a economia girando, como os supermercados, por exemplo, que registraram um aumento de 15,9% de crescimento no período analisado.
A situação é muito delicada, e os impactos no varejo já são sentidos em todos os âmbitos. Ainda assim, os e-commerces, junto ao marketing digital, apresentam dados mais amistosos do que o esperado.
No geral, os números não são animadores para os setores que não são considerados essenciais e sofrem quedas bruscas e constantes.
Quando analisamos o setor de “vestuário”, por exemplo, notamos uma queda de -59,2%, ao falar de setores de serviços, como turismo e transporte, registramos um diminuição de -68,4%.
Ou seja, apesar do crescimento do varejo online, os consumidores estão preocupados com a atual situação do país e, principalmente, desconfiados do que será de seus empregos daqui em diante. Assim, o comportamento do consumidor está realmente se voltando para os serviços essenciais, pelo menos por ora.
Como o varejo pode superar esse momento?
Não estamos oferecendo um milagre, mas uma reflexão. E por mais clichê que possa parecer agora, mais do que nunca, é hora de oferecer o melhor possível aos seus clientes.
Apesar do momento difícil, é preciso se reinventar e encontrar oportunidades para continuar vendendo. E por conta disso, será mais do que necessário que as suas ações sejam bem pensadas e principalmente cautelosas.
Diante dos impactos no varejo que estamos sofrendo, confira algumas dicas:
Aplique a transparência e seja sincero
Comunique aos seus clientes mudanças na operação:
- Nos horários de atendimento;
- Em serviços prestados,
- Nos prazos de entrega;
- Nas limitações de compra;
- Na falta de estoque de produtos.
Esse é o momento de dar as mãos, então é preciso que a sua comunicação seja clara, sincera, objetiva e empática.
Invista no marketing multicanal, fale com a sua audiência através de todos os recursos disponíveis que você tenha e aproveite o momento para estreitar os laços com os seus clientes.
Tenha cuidado com as oportunidades
Vamos supor que você é o único que tem estoque de álcool em gel na sua região. É uma grande oportunidade para aumentar os seus preços e alavancar suas vendas nesse momento, né?
Mas realmente vale a pena?
Vamos considerar alguns pontos:
Pode parecer uma boa oportunidade para alavancar o lucro, de fato. Mas, diante de uma situação de caos, essa seria uma ação extremamente oportunista, podendo colocar em risco os recursos do público para outras compras essenciais.
Além disso, ações como essa ainda geraram desinteresse ou até mesmo repulsa do público em relação à marca.
Por isso, é fundamental tomar cuidado com as “oportunidades” que podem aparecer no seu percurso. Opte por formas saudáveis de alavancar as vendas e seja cauteloso para não soar oportunista ou desonesto.
Aproveite os recursos disponíveis
Quais recursos, formas de pagamento e parcelamento a sua empresa oferece hoje? É possível ampliar esses recursos? Lembre-se que os clientes ainda querem o seu produto, mas pode ser que não seja a melhor hora para isso.
Nesse caso, você pode aumentar o leque de opções de facilidades para ajudar esse consumidor, como promoções ou descontos especiais em produtos parados. Assim, é possível trabalhar com um bom giro de estoque.
Se você quer continuar vendendo, é preciso que pense em alternativas para encarar os impactos no varejo que a pandemia está gerando.
Humanização
Obviamente, todos estão preocupados com seus negócios e empregos. Por isso, agora é hora de pensar nas pessoas e nas parcerias que dependem de você ou do seu negócio. Como elas estão sendo cuidadas? É um momento para irmos além e mostrar que as vidas, além do dinheiro, também importam.
A sua marca tem se posicionado? Como? Conte sobre o que estão fazendo para prevenir a disseminação do vírus, como estão ajudando, se houver algum caso em sua empresa, quais são os seus planos para proteger funcionários e assim por diante!
Ter empatia e ser humano também são indicadores de crescimento e conquista.
Sem dúvidas, a transformação e os impactos no varejo são mais do que visíveis e isso se dá, principalmente, devido ao comportamento dos consumidores.
Mais do que nunca, é preciso pensar e agir com cautela e de forma analítica. Para isso, entender como os consumidores estão se comportando é a maior fonte de insights. Ao voltar os seus esforços e o foco do marketing para o cliente, os resultados serão cada vez mais assertivos.
Quer saber mais sobre o marketing de segmentação comportamental?